quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Criando filhos celíacos: a segunda página desse capítulo


Vamos continuar a nossa viagem por esse tema, que acredito ser do interesse de muitas pessoas. No outro capítulo, iniciamos o assunto e deixei como dicas, jogos e um livro específico relacionados a vida da criança sem glúten. 

Hoje, falaremos sobre como lidar com a família e dicas muito bacanas para lidar com o seu filho celíaco e outros filhos, explicando a real situação. 

É fato, não importa a idade que seu filho tenha, simplesmente chegou o momento da família conversar. E quando digo família, são todas as pessoas que de alguma maneira, direta ou indireta, cuidam da criança. Lembram quando falei da atitude positiva dos pais com relação a dieta? Pois bem, isso deve ser passado para todas as pessoas da família, porque não adiantará os pais terem um atitude bastante positiva e a avó, responsável pelos cuidados da criança, manter atitudes negativas. Certamente isso afetará o posicionamento da criança com relação ao seu próprio diagnóstico. 
Independente da família toda optar por viver sem glúten, só o fato de um membro da família ter o diagnóstico, acaba afetando a todos.  
Sabemos que para a tal conversa, dificilmente os pais conseguirão reunir a família em um dia e horário específicos. Portanto, lembrem-se, não é em um único dia que todos farão a "digestão do diagnóstico", compreenderão todas as orientações e aceitarão tranquilos. Essa discussão deverá ser contínua e poderá ter duração de meses e até anos. 
E denovo, batendo na mesma e mais importante tecla: a maneira como você transmitir a situação provavelmente será a maneira com que os outros vão encará-la. Prestem atenção nisso, pois é bastante importante. A conversa deve ser em clima de alto astral, otimismo, leveza e bastante interativa. Desta forma, você estará sendo um exemplo bastante forte e uma inspiração incrível para seu filho. 

Nos momentos de conversa com a família sobre a dieta e a condição de seu filho, tenha em mente que ele pode estar com as anteninhas ligadas, ou seja, ele pode prestar atenção em cada uma das palavras que disser. Portanto, cuidado com as palavras e a maneira com que fala, tudo bem? 
Reclamações, culpa, sentimento de pena entre outras atitudes, podem levar a criança a se sentir vítima da situação, um peso para a família e até mesmo culpa por achar que os pais estão sofrendo por causa dela. Não é para você se calar e nunca mais dividir com alguém o que vem sentindo, aliás, você deve fazer isso, pois é bastante terapêutico. Só certifique-se de que sua criança não está antenada. 

"E então, como conversar com o meu filho?"
Certamente isso dependerá da maturidade, capacidade e idade que seu filho tiver. Mas imagina-se que você vai querer explicar  o que é o diagnóstico, o porque que ele não poderá mais comer alimentos "glutenosos" e o que ele poderá comer, apesar de tudo. Mas, vá com calma! Não vá "vomitar" em cima de seu filho tudo isso. Paciência! Seu filho pode não entender tudo de uma vez. Não espere que ele corra para os armários e jogue tudo fora, dizendo que adorou a ideia de viver sem o glúten. Claro que isso seria um sonho, não é? Voltemos para a realidade para que você não se frustre. 
Mas então, quando temos um problema que envolve uma criança, qual a melhor atitude a ser tomada? Transformá-lo em algo bom, em algo positivo, em risadas e momentos gostosos. Ouvi de uma psicóloga, que trabalha com pais e crianças, uma frase muito marcante: "Os problemas são dos adultos e não das crianças. Elas merecem brincar, dar risada e não arcar com as consequências do sofrimento dos pais."
É ou não é verdade? Então, não devemos focar os problemas e sim, os benefícios. A dica é começar retomando alguns sintomas e o quanto é ruim senti-los, mas que daqui para frente, ele se sentirá muito melhor sem o glúten. Algo como isso poderá ser dito: "Querido, você se lembra de como doía a sua barriguinha? Agora você não se sentirá mais assim. Você vai se sentir cada dia melhor."
Os exemplos são ótimos para as crianças, pois assim conseguem compreender melhor. Explique que o glúten está presente em muitos alimentados consumidos por ela até então, como os pães, bolachas e bolos e, imediatamente, diga a ela quais alimentos gostosos não contém glúten e assim, pode comer. Não vale dizer para a criança que ela não pode comer aqueles salgadinhos deliciosos que ela sempre pôde mas que ela pode comer aquele brócolis. Assim é totalmente injusto, não é? 

Com o passar dos dias, em dieta restrita de glúten, sua criança se sentirá melhor, com certeza. Lembre-se de destacar para ele o quanto está se sentindo melhor, graças as comidinhas sem glúten que ele vem comendo. 
Outra dica super importante é:

Clique na foto para visualizá-la em tamanho maior

Desta forma, quando sua criança quiser comer algum alimento proibido, alguma frase como: "Meu amor, você não pode comer esse pacote de bolachas, mas a mamãe comprou esse chocolate sem glúten." Ou seja, você estará oferecendo uma alternativa justa, tão gostosa quanto aquelas bolachas, e automaticamente reforçando que ele pode comê-las por ser sem glúten e recompensando-o. Afinal, quem não se sentiria recompensado com uma barra de chocolate, não é?
É claro que você não vai encher sua criança de guloseimas não saudáveis a cada vez que ele seguir a dieta, senão você pode arrumar um outro problema. Recompensa não significa algo material. Ela pode ser sim algum alimento gostoso, mas também pode ser um passeio, uma brincadeira, deixar a criança assistir TV meia hora a mais, enfim, são negociações. Negocie com o seu filho e mostre que ele não está perdendo em seguir a dieta!
Quanto mais seu filho estiver entendendo sua condição e compreendendo a relação entre ingestão do glúten e sintomas, maiores as chances dele não burlar a dieta, mesmo quando você não estiver por perto. 
Certamente, haverá situações em que você não estará por perto e desesperada por imaginar que seu filho pode burlar a dieta, por vontade de comer determinado alimento ou simplesmente porque não sabe explicar que não pode comê-lo quando alguém oferecer a ele alguma coisa com glúten.
Por isso, o diálogo é fundamental, pois através dele você perceberá o que o seu filho entendeu, o que ainda está obscuro, se ele está aceitando ou não sua condição e se já é capaz de ficar sozinho em alguns momentos.

Converse com sua família e seu filho. Não finja que nada está acontecendo. 




Enquanto isso, divirtam-se com esses materiais disponíveis no Espaço Infantil, da Acelbra/RJ:

- cartilha da Emília sobre doença celíaca (pode ser usado em sala de aula)
- história em quadrinhos da Mônica sobre doença celíaca
- receitinhas para crianças

Beijos e abraços para todas as mamães, papais e crianças guerreiros

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Editado dia 14.01.2015

Clique aqui para ler o primeiro capítulo!
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