segunda-feira, 13 de agosto de 2012

✈ Diário de viagem: Miami - Capítulo I


Finalmente, de volta! Depois de uma viagem em família, nada como vir aqui e contar para vocês tudo o que comi e vi por lá. O destino que escolhemos foi Miami, um paraíso para compras, lugares lindíssimos e pessoas educadíssimas. Minha irmã dizia: "Lá vai ela tirar foto até da comida". Minha resposta não poderia ser diferente: "As pessoas precisam ver isso...pra mim, é um compromisso compartilhar minha experiência."
E é exatamente assim que encaro a minha relação com este cantinho, além de ser de minha vontade postar, me sinto comprometida com todos vocês. Bom, chega de ladainha e vamos ao que interessa! Como fiquei 10 dias fora e tenho muitas coisas para contar, dividi este diário em algumas partes, que ainda não sei exatamente em quantas porque comecei agora.

Para nós, celíacos, a viagem significa, na maioria das vezes, um estresse, uma preocupação a mais e até mesmo medo. Toda vez que vou viajar para algum lugar, mesmo que seja para a casa de familiares, eu penso em TUDO: no que vou levar para comer, onde posso comprar minhas comidinhas caso necessite de um reabastecimento e até nos potinhos que levarei para acomodar minhas refeições. 
E desta vez, a preocupação foi muito maior. Depois da descoberta do diagnóstico, foi a primeira grande viagem que fiz e pior (ou melhor!) para um outro país...outra cultura e claro, outros hábitos alimentares. Pra mim, falar em EUA significa falar de lanches e, consequentemente, glúten. E meu nutrólogo aconselhou: "Eles comem muito mal. Na dúvida, coma frutas"
Apesar de ter tido um grande trabalho para planejar tudo (e ainda assim, algumas coisas não sairem como planejei), tudo valeu a pena e aproveitei cada segundo.
Contei com a ajuda do meu namorado e minha família, que me ajudaram a pensar em todos os detalhes. Vou dividir este post em perguntas e respostas, pois acho que facilitará bastante a leitura.

✈ Como comecei a pesquisar?
Logo de cara, recorri ao meu grande companheiro de todas as horas, Google, para pesquisar como é viver em Miami sem glúten e sem lactose. Eu queria me certificar de que não morreria de fome. E pasmem: não encontrei nenhum blog que me desse dicas concentradas em um post de como fazer em situações como essa (viajar para fora do país com restrição alimentar). Claro, isso me animou muito mais para escrever o que estou escrevendo agora. 
Muitas pessoas tentavam me tranquilizar, dizendo que seria super simples, mas não adiantava. Eu queria ter certeza de que conseguiria achar tudo com facilidade. 
Foram praticamente uns dois meses de pesquisa e ia salvando tudo no meu computador, anotando todas as dicas. Vou repassar tudo para vocês. Foram listas e listas. Ah! Outra fonte de pesquisa importantíssima e que já mencionei em vários posts é o livro Vivendo sem glúten. Todo celíaco deve ter um!
Nas pesquisas, a primeira informação que encontrei e que acredito que deve ser o primeiro foco é com relação a alimentação antes de chegar ao destino, ou seja, avião e aeroporto

✈ O que devo fazer com relação a minha alimentação durante o vôo?
Ao fazer a compra da passagem, certifique-se com a empresa em que momento a solicitação de alimentação especial deve ser feita. No meu caso, viajei com a LAN (que super recomendo!). Essa solicitação não precisa ser feita durante a compra da passagem. Ela pode ser feita após a compra e em um prazo de até 48 horas antes da data de embarque. Enfatizo: não deixem para a última hora. Fiz a minha solicitação com uma semana de antecendência, para todos os vôos, ida e volta. A LAN possui uma lista de tipos de alimentação especial: hiposódica, sem colesterol, sem glúten, sem lactose, para diabéticos...enfim, diversas. Solicitei sem glúten e sem lactose. Esta solicitação pode ser feita através do telefone 0300 788 0045. Na hora da ligação, tenha em mãos o número da reserva da passagem e especifique para quem é a alimentação especial.

✈ E a minha alimentação no aeroporto?
Antes de adentrar a área de embarque, você pode consumir o que quiser. Por isso, optei por levar alguns lanchinhos para o Aeroporto de Guarulhos, como por exemplo, frutas, iogurte e barrinhas de cereais. Para o almoço, acredito que a melhor opção, pensando no tempo gasto, é um self-service. E é claro que, devido a essa escolha, não terá alguém facilmente a sua disposição para dizer o que pode ou não comer. Ainda, há os perigos da contaminação cruzada. Por isso, sugiro escolher os alimentos que naturalmente não contém glúten, como por exemplo, saladas (folhas verdes, tomate, pepino e afins) sem molhos ou quaisquer outros temperos prontos. Lembrando que esse tipo de refeição é mais do que adequada para quem irá viajar de avião...super leve. Para o arroz e feijão, eu sempre faço essas perguntas para algum funcionário da cozinha: "Que tipo de tempero vai? Leva algum tempero industrializado? Amaciante de carnes?". Geralmente, eles levam apenas temperos naturais como sal, alho e cebola. Para os grelhados, evito os peixes, pois podem levar farinha de trigo. Ao escolher carne vermelha ou frango, retomo as perguntas acima, acrescentando: "Onde ela é preparada vocês preparam alguma coisa empanada ou que leva farinha?"
Se o seu embarque foge do horário de almoço ou jantar, opte pelos lanchinhos levados de casa, pois ninguém merece passar mal antes de viajar. 
Sinceramente, não sei se eu escapei de qualquer proibição ou se dá pra fazer isso, mas consegui embarcar com alimentos lacrados, como barrinhas de cereais. Levei algumas na bolsa para qualquer emergência. Foi a minha sorte ter feito isso! Vocês vão saber mais pra frente o porquê.
O tempo de vôo do Brasil para os EUA vai depender de algumas variáveis, mas a mais importante delas é: vôo com escala ou sem?
No meu caso, o vôo foi com escala, pois era a única opção disponível. Isso me deixou mais preocupada ainda, pois eu passaria algumas horas no Aeroporto de Santiago (ida) e no de Lima (volta). De qualquer forma, tinha cartas na manga, ou melhor, barrinhas de cereais na bolsa.
E pelo amor de Deus, NUNCA tentem adentrar a área de embarque com frutas, hein?! Se você, por algum acaso (ou sorte de ninguém ter visto, como já vi acontecer) adentrar outro país com frutas, certamente sua viagem terá acabado. 

✈ Meu vôo não tem escala. Então, como será?
Relaxa! Será bem tranquilo. Durante todo o vôo, da mesma forma que as outras pessoas terão alimentação, você também terá, só que sem glúten. É só embarcar e curtir de montão.

✈ Meu vôo tem escala. E agora?
As coisas poderão ser um pouco mais complicadinhas, mas não se desespere.
Antes de viajar, entrei em contato com os Aeroportos de Santiago e Lima. Eles foram super atenciosos, porém o que me disseram não era bem a realidade. E é exatamente neste ponto em que você fica mordida de raiva. O que acontece é que quando há conexão para o seu vôo você fica dentro da área de embarque, sem acesso a maior área do aeroporto, onde geralmente você encontra mais opções para se alimentar. 
Uma semana antes da minha viagem, estive na Sabor de Saúde e a Beth, dona da padaria e uma pessoa muito querida, me disse que vários clientes dela embarcaram, sem problema nenhum, com o Kit Energia (um kit lacrado que contém três pãezinhos de queijo sem queijo, um muffin e um pão brasileiro.) Tudo o que poderia acontecer, seria eles jogarem fora na minha frente. Então, resolvi comprar para a viagem. Tudo teria sido perfeito se eu não tivesse esquecido o meu no freezer de casa. Mas tudo bem, eu sempre penso que quando esqueço de alguma coisa é porque meu anjo da guarda achou melhor assim (quando tenho certeza de que não esqueci porque fui meio avoada, né!). E não tive crise de histeria por isso. 
Para acompanhar o meu kit de sobrevivência (risos), pedi ao meu nutrólogo que fizesse uma declaração de que sou portadora da doença celíaca e portanto, não poderia consumir alimentos com glúten e lactose. Caso alguém questionasse a minha saída do país com o kit, eu entregaria a tal declaração. Ok! Acabei embarcando apenas com a declaração. Talvez ela pudesse ser útil com relação as barrinhas de cereais...mas nem foi preciso.

✈ E no dia do embarque? Como saber se minha solicitação foi atendida?
Quando fizer o check-in, peça para a funcionária confirmar a sua alimentação especial. Ao confirmar positivamente, ela te entregará o ticket de embarque. Nele deve conter a sigla GFML (Gluten-Free Meal). No ticket da LAN, ela estará embaixo, no canto esquerdo. 

Isso é o que sobrou do ticket. Esqueci de tirar uma foto antes de embarcar.

✈ Como foi a alimentação durante o vôo de Guarulhos a Santiago?
Incrível! Exceto pelo fato de que continha lactose. Tudo bem que não sou 100% intolerante, mas para quem é, certamente torceria o nariz para a bandejinha. Achei isso um furo bem grande, por parte da companhia, afinal existem intolerantes a lactose que sequer podem olhar para uma gota de leite e derivados. Não esqueci de tirar uma foto da bandejinha. Achei tudo muito caprichoso. Reparem que a sigla apareceu novamente. Na bandejinha continha um lanche com peito e peru e uma pasta, que aparentemente era queijo; frutas picadinhas, um outro pão, geléia, queijo tipo Polenguinho, barrinha de cereal e um chá de camomila. A única sugestão que eu daria é que aquecessem o pão antes de servi-lo. Quem se alimenta de pães sem glúten sabe que pode ser horrível, dependendo da marca, comê-lo sem assar. E o meu estava assim, duro e quebradiço.
Meus pais e minha irmã acharam que minha bandejinha tinha mais coisas do que as deles. Quanto as bebidas, pedi suco. Não me peçam uísque, hein?!


✈ E a permanência no Aeroporto de Santiago?
Pessoal, vocês sabem que tento ao máximo animar vocês e mostrar que ser celíaco não é difícil desde que não queiramos, mas me desculpe por esse adjetivo: PÉSSIMA! Sim, foi péssima. Foram 4 horas de espera e MUITA fome, pois já fazia um tempo que havia comido no avião. A área de embarque no Aeroporto de Santiago é bem simples e tudo o que consegui consumir foi um suco de caixinha e alface. O resto eram lanches e lanches. Minha família decidiu ir até o Subway. Lá, passei por uma situação que abrandou a raiva que eu estava sentindo: uma funcionária do Subway, sabendo da minha restrição, decidiu me presentear com uma salada. PRESENTEAR! Acreditem, eu disse que não poderia comer nenhum lanche, sequer a carne, pois não sabia com o que era feita e ela pediu para escolher o que eu quisesse que ela faria uma salada pra mim e me presentearia. Fiquei tão emocionada com o gesto. Comi super feliz. Antes havia comido uma barrinha de cereal (entenderam porque foi bom ter levado?), mas pra quem viaja tantas horas e se alimenta como eu, tem uma hora que você necessita de algo salgado, que alimente mais do que barrinha de cereal e salada. Estava ansiosa para embarcar e receber o jantar do avião.

✈ Santiago - Miami: e então?
O avião decolou e eu tive um enjôo danado. Acho que já comentei outras vezes que fico enjoada muuuito facilmente...tão facil que o dia em que eu for mãe, certamente demorarei para desconfiar. Fiquei muito nauseada; acredito que pela má alimentação pré vôo, cansaço da viagem, decola, aterrissa...decola, aterrissa...enfim, aconteceu. Quando a comida chegou, sequer conseguia olhar pra ela e muito menos fotografá-la. A olhada que dei foi para pelo menos poder dizer para vocês o que tinha na tal bandejinha: frango grelhado com legumes e de sobremesa, frutinhas picadas. Solicitei ao comissário se ele poderia guardar minha refeição pois estava "mareada" (como ele mesmo disse: nauseada, em espanhol). Ele guardou, mas claro...depois de umas gotinhas de dramin, só consegui acordar quando estava para aterrissar. Finalmente, estava em Miami!

Depois de uma hora em pé na fila de imigração no aeroporto de Miami, novas coisas aconteceriam...tão boas, mas tão boas que me fariam sentir uma saudade imensa daquele lugar!
No próximo capítulo, conto mais...

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Editado dia 11.01.2015

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